No dia 25 de maio de 2025, um grupo de 35 participantes do Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação (ICTI) da Universidade Federal da Bahia, entre estudantes e professores, realizou uma visita de campo ao espaço sagrado Eco da Mata, localizado em Massarandupió, distrito de Entre Rios – Bahia. A experiência promoveu uma imersão nos saberes tradicionais e científicos da cultura ancestral.
A recepção foi feita pelo Cacique Gobi Boré, da Aldeia Tekoá Portal Tupinambá Kaáque, que deu as boas-vindas à Feira da Mata, a qual, nesta edição, celebrou a Semana da Mata Atlântica. O início do evento foi marcado pelo Toré Tupinambá Kaá, conduzido pelos indígenas Gobe, Guayupiá e Aykrã, filha do Pagé Aripuanã, e seguiu com uma roda de conversa sobre saberes afro-indígenas e científicos, com a participação da UFBA e do CERBMA. Houve também uma apresentação literária com Rose Braga, autora do livro Ecos da Alma.
A Feira Solidária, com produtos da culinária local e do artesanato, trouxe ainda mais vida ao evento, fortalecendo a economia da região e promovendo o encontro entre saberes e fazeres. Em seguida, a apresentação musical de uma Moura Utopia animou os participantes com um repertório contagiante, tornando o ambiente ainda mais vibrante.
Durante o dia, os participantes também realizaram parte da Trilha Encantos Tupinambápela pela Mata Atlântica, guiada por Guayupiá, tomaram banho de cachoeira e vivenciaram o ritual do Rapé Shawãdawa, conduzido pelo biólogo Hermes Cerqueira, onde tiveram um momento de profunda conexão com a natureza e com as tradições dos povos da mata. Foi um dia de aprendizado, trocas e encantamento.
De acordo com André Luís Sousa Sena, professor e vice-diretor do ICTI, "foi gratificante e um momento precioso de conexões significativas com a natureza, a nossa cultura e a ancestralidade". O professor ainda relatou: "ao participar de algumas atividades culturais e cerimoniais, em meio às palestras, observei o respeito intrínseco à natureza e à essência humana. Os bate-papos em meio às caminhadas pela mata me levaram a refletir sobre a importância da preservação da cultura, colocando-me em um estado de consciência aguçada sobre a importância de preservar as expressões culturais, mesmo que distantes das dinâmicas da vida moderna."
Aline de Almeida Cabral, discente do ICTI, compartilhou sua vivência com gratidão: "Agradeço a Deus por ter nos conduzido em segurança, à comunidade que nos acolheu, inspirou e ensinou, e por toda a entrega de saberes feita de forma tão genuína. Foi uma experiência profundamente enriquecedora, que levarei comigo para a vida."
O discente Vinicius de Sousa dos Santos também registrou sua impressão: "Um lugar incrível. Recomendo a experiência a todos que desejam se sentir imersos em uma outra realidade, normalmente esquecida do nosso Brasil. Ver um pouco da realidade dos povos originários realmente traz muitas reflexões sobre nossa própria vida. Gostei tanto da primeira experiência que não pude deixar de participar novamente e desopilar de toda a correria dos tempos modernos em um espaço sagrado, onde pude desacelerar e me reconectar com a natureza."
Já o estudante Lucas Ferreira da Silva destacou: "Durante a visita ao Espaço Eco da Mata, vivenciei uma imersão cultural e espiritual marcante. Mesmo sem participar de todos os rituais, me impactaram o Toré Tupinambá Kaá, a explicação sobre a Ayahuasca e o diálogo com a natureza. A experiência ampliou minha compreensão sobre cultura, espiritualidade e direitos humanos."
Por sua vez, Ruan de Oliveira Conceição comentou: "A visita de campo ao Espaço Eco da Mata foi bem interessante. Teve um pouco de tudo: artesanatos, produtos naturais e quitutes na feirinha. O que mais me chamou atenção foi o Toré, a história dos maracás e, claro, a trilha na Mata Atlântica, foi muito revigorante."
Para o professor Marcos de Souza, docente da disciplina Educação em Direitos Humanos, a visita representa uma oportunidade concreta de vivenciar os conteúdos trabalhados em sala de aula, ampliando a compreensão sobre os direitos dos povos tradicionais e reforçando a importância da escuta, do respeito e do diálogo intercultural.
Com informações de: Prof. Dr. Marcos de Souza