Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação

Universidade Federal da Bahia – Campus Carlos Marighella

E-book reúne contos e poesias sobre os direitos minoritários e grupos vulneráveis

 

Docente e discentes da disciplina de Educação em Direitos Humanos, ofertada pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação (ICTI) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), campus Camaçari, lançaram um e-book com contos e poesias que abordam, de maneira sensível e engajada, os direitos de populações historicamente marginalizadas.

A coletânea reúne textos autorais produzidos ao longo do semestre 2025.1 e traz à tona experiências que articulam o conhecimento construído em sala com as vivências pessoais dos estudantes. Muitos dos escritos revelam vínculos diretos com os temas abordados, ecoando histórias de exclusão, resistência e esperança.

Entre os temas trabalhados na obra estão:

  • Direito das Mulheres;
  • Direitos das Pessoas em Situação de Rua;
  • Direito das Pessoas com Deficiência;
  • Direito LGBTQIA+;
  • Direito das Crianças e Adolescentes;
  • Direito das Pessoas Idosas;
  • Direito dos Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais;
  • Direito das Pessoas Refugiadas e Migrantes;
  • Direito das Pessoas Presas e Egressas do Sistema Penal;
  • Direitos Humanos dos Consumidores.

Disponibilizado gratuitamente, o e-book valoriza a arte e a literatura como ferramentas de denúncia, reflexão e promoção de uma cultura voltada para os direitos humanos. Os professores Sophia Cardoso Rocha e Paulo de Freitas Castro Fonseca, responsáveis pelo prefácio, destacam que a obra reafirma o papel social da universidade pública na defesa da democracia e no fortalecimento da cidadania. O texto ressalta que, embora a Constituição Federal de 1988 proponha uma sociedade plural e justa, ainda persistem desigualdades e conflitos que atingem os grupos mais vulneráveis. Nesse cenário, a educação aparece como espaço fundamental de escuta, crítica e mobilização.

A publicação também é apresentada como fruto de uma proposta pedagógica que compreende a Educação em Direitos Humanos como prática enraizada na realidade e voltada à transformação social. Os contos e poesias reunidos entrelaçam memórias, observações e referências jurídicas e políticas, convidando o leitor à empatia, ao desconforto e à ação. Cada texto é um ato de resistência e também um gesto poético, que transforma silêncios em linguagem e dor em denúncia.

A atividade integra o conjunto de estratégias da disciplina, orientada pela Resolução CNE/CP nº 01/2012, que define diretrizes para a inserção transversal da temática nos currículos da Educação Básica e Superior, com foco na formação de educadores comprometidos com a justiça social.

A estudante Fabiana Cabrini comentou sobre a experiência vivenciada na atividade: “A atividade proporcionou um momento de reflexão e criatividade. Meu tema trata dos direitos humanos das mulheres, algo que, à primeira vista, parece nem precisar ser mencionado. No entanto, ao nos aprofundarmos no assunto, percebemos o quanto uma mulher pode passar a vida inteira em modo de sobrevivência. São lutas diárias para se manter de pé. Tudo pode ser negado de um dia para o outro. O respeito, a segurança, a saúde e a educação são como uma linha tênue que pode se romper a qualquer instante. Vozes que compõem grande parte deste mundo podem ser silenciadas. Pesquisar, ler e sentir sobre o que é ser mulher revela o quanto somos uma enorme resistência. E é curioso perceber que nossas lutas são, muitas vezes, pelo básico: o direito de viver”.

Daniel da Silva Carvalho, também discente participante, compartilhou sua percepção acerca da proposta desenvolvida em sala: “Para mim, foi muito mais do que uma atividade acadêmica, foi uma oportunidade de dar voz a sentimentos, histórias e realidades que, muitas vezes, são invisibilizadas e negligenciadas. Me senti realizado por poder contribuir com reflexões que dialogam não apenas com o ambiente acadêmico, mas também com a sociedade de forma mais ampla, ampliando o debate sobre direitos humanos. A criação desses contos e poesias mostrou uma ferramenta sensível e acessível para traduzir questões complexas e urgentes, permitindo que diferentes públicos compreendam e se conectem emocionalmente com essas temáticas. Acredito que iniciativas como essa reforçam o papel da universidade como espaço de escuta, crítica e produção de conhecimento comprometido com a transformação social”.

Já para Deivison da Silva Rocha, a atividade representou “uma oportunidade de desenvolver um olhar mais atento às injustiças que afetam grupos vulneráveis, em especial as pessoas idosas. Ao escrever meu conto e minha poesia, precisei buscar informações, notícias e relatos reais, o que me fez perceber o quanto a sociedade ainda é preconceituosa, excludente e insensível diante do envelhecimento. Ver o que tantos idosos enfrentam diariamente – desde o abandono até a violação de seus direitos – foi doloroso, mas também transformador. Aprendi que é preciso ir além da empatia: é necessário protestar, denunciar e seguir lutando por mudanças reais. A atividade me tocou profundamente e reforçou a importância da arte como ferramenta de resistência e de educação em direitos humanos”.

De acordo com o professor Marcos de Souza, responsável pela disciplina e organizador do e-book: “A disciplina contempla temas como democracia, cidadania, tratados internacionais e o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos. Mais do que trabalhar os conteúdos, buscamos formar sujeitos críticos e atuantes, capazes de construir práticas educativas transformadoras em seus territórios. A coletânea é um exemplo concreto do potencial das metodologias ativas, do uso da arte como linguagem política e do protagonismo estudantil na construção do conhecimento”.

A proposta fez parte da culminância das atividades da turma, que também vivenciou experiências como debates temáticos, júris simulados, visitas a comunidades tradicionais, construção de glossários e cartilhas educativas, entre outras práticas baseadas em metodologias participativas e digitais.

Mais do que um exercício acadêmico, o livro representa um compromisso coletivo com a escuta, a empatia e a luta por uma sociedade mais plural e democrática. É uma iniciativa que reafirma o papel da universidade pública como espaço de criação, expressão e transformação social.

O pré-lançamento do e-book aconteceu no ICTI com uma apresentação especial da poesia “Mais um dia”, de Fabiana Cabrini, que aborda com intensidade e sensibilidade o tema do feminicídio. A performance foi realizada por um grupo de seis discentes e percorreu todas as salas de aula do instituto, além da Biblioteca Professora Valterlinda Queiroz, onde foi compartilhada com os servidores técnicos. A ação marcou simbolicamente o início da circulação da obra, promovendo escuta, reflexão e diálogo sobre a urgência de enfrentar as violências de gênero a partir da arte e da educação. A ficha catalográfica do e-book foi elaborada por Fernanda Gomes Almeida, bibliotecária vinculada à Biblioteca Universitária da Universidade Federal de Minas Gerais.

Clique AQUI para acessar o e-book “Direitos minoritários e grupos vulneráveis: contos e poesias”.

Com informações de: Prof. Dr. Marcos de Souza

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