Nos dias 12 e 14 de novembro de 2024, professor e discentes da disciplina de Educação em Direitos Humanos, do Instituto de Ciência, Tecnologia e Inovação da Universidade Federal da Bahia, promoveram um Cine Debate especial em homenagem ao Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro. O evento foi uma oportunidade para unir a comunidade acadêmica em torno de conversas essenciais sobre a luta antirracista e a valorização da história e identidade negras.
A programação começou com a exibição do filme “M8 - Quando a Morte Socorre a Vida”, que sensibilizou os alunos ao abordar questões intensas sobre racismo e ancestralidade. O filme retrata os desafios e preconceitos enfrentados por Maurício (Juan Paiva) ao ingressar na faculdade de medicina, bem como o mistério relacionado à identidade dos cadáveres dissecados na aula de anatomia.
No segundo dia, o espaço se transformou em um ambiente de trocas profundas e emocionantes, com debates que exploraram temas como racismo estrutural e institucional, identidade e representatividade, violência policial e seu impacto na comunidade negra, exclusão e desigualdade social, além de reflexões sobre consciência negra e ancestralidade.
O discente Leonardo Almeida de Jesus Leandro destacou que o longa “é de extrema importância para o cenário nacional, pois escancara o racismo estrutural e institucional na vida das pessoas negras de forma muito sensível. A realidade de Maurício é a mesma de milhões de jovens que sofrem todos os dias com as diversas formas de violência apresentadas no filme. Este assunto é importante para conversarmos em sala de aula, mas é mais importante ainda discutirmos fora dela."
O discente Ezequias Tamandaré Matos enfatizou como o filme evidencia as sutilezas do racismo estrutural em ambientes acadêmicos, revelando que, mesmo quando não explícito, ele se manifesta nas dinâmicas sociais e na exclusão simbólica de corpos negros. Para ele, o longa oferece um espaço potente de reflexão sobre a ancestralidade e a condição das populações negras, propondo um diálogo necessário sobre desigualdade e memória coletiva. Ezequias ainda destaca que a profusão de nomes declamados ao final do filme traz à tona um grande questionamento que não pode ser silenciado até que haja uma resposta livre de racismo: “Onde estão os corpos negros, vivos e mortos, em nossa sociedade?”
De acordo com Beatriz Barboza Marinho, o longa provocou um impacto emocional e reflexivo na turma, principalmente por destacar questões urgentes e sensíveis relacionadas ao racismo, à desigualdade social e à identidade racial no Brasil. Além disso, o filme inspirou debates sobre justiça, necessidade de mudanças sociais e relatos entre os colegas, gerando marcas profundas para aqueles que se permitiram ser tocados por sua mensagem. Para muitos, é o começo de um processo de reconhecimento e combate ao racismo em suas formas mais sutis e arraigadas.
O Prof. Dr. Marcos de Souza, responsável pela disciplina, ressaltou o valor de momentos como esse: “O Cine Debate não é só uma atividade, e sim uma experiência que nos aproxima uns dos outros e nos leva a questionar estruturas e preconceitos. Precisamos da educação para transformar e construir uma sociedade mais justa e inclusiva.”
Esse encontro destacou como o Dia Nacional da Consciência Negra é um marco para refletir sobre os desafios enfrentados pela população negra e, ao mesmo tempo, celebrar suas conquistas e contribuições para a sociedade. Mais do que um momento de discussão, o Cine Debate consolidou-se como um espaço de resistência e transformação, incentivando ações concretas no combate ao racismo e na valorização da cultura afro-brasileira, dentro e fora do ambiente acadêmico.
Com informações de: Prof. Dr. Marcos de Souza.